Popularmente conhecido como Canela-da-índia e Canela do Ceilão era a especiaria mais procurada na Europa antiga, a Caneleira é uma árvore nativa do Ceilão (atual Sri Lanka), em 1825 foi introduzida em Java e posteriormente em outros países, onde hoje é cultivada comercialmente, principalmente em Madagascar, Ilhas Seicheles e no Brasil. Em nosso país foram os jesuítas que introduziram a canela, devido ao nosso solo, que favorece a adaptação da planta e atualmente vem se desenvolvendo e expandindo em São Paulo e na Bahia.
Suas propriedades aromáticas e a escassez deste bem raro atribuíram-lhe um valor simbólico importante no diálogo contraditório entre religião e ambientes profanos, desde a diplomacia entre países vizinhos, expressa em ofertas desta mercadoria, como também em seu uso pessoal. A inquietação das novas evidências, o questionar dos dogmas e a reavaliação dos saberes. Esta reformulação do conhecimento, que é hoje um processo contínuo e evidente, foi uma das vertentes mais revolucionárias dos descobrimentos. A culinária é um destes novos contextos, confundido hoje a canela com a tradição.
- FARMACOBOTÂNICA
A Cinnamomum Zeylanicum pertence à família Lauraceae, seu ciclo de vida é perene e pode atingir de 10 a 15 metros de alturas e suas folhas variam de 7 a 18cm, com nervuras longitudinais bem definidas. Para estimular a brotação de novos ramos para colheita, é repetidamente podada cortando em brotos laterais para que atinja no máximo, 2 a 3 metros de altura e sua colheita é feita sempre no inverno. As flores possuem pequenos maços, de cor amarelo-esverdeada e bastante perfumada. Os frutos possuem cor roxa, produz uma única semente e é de aproximadamente 1 cm.
A extração da canela é feita através da parte interna da casca do tronco, bastante rústico vindo a ficar mais escuro por absorver oxigênio. O clima onde é cultivada é quente e de temperatura elevada, porém mudas novas precisam de sombreamento sendo solo rico em matéria orgânica. Sua propagação é por sementes ou estaquia de ramos. É necessário regar diariamente com água sem encharcar quando pequena, depois estando adulta é necessário ser regada só duas vezes por semana. É uma planta bastante utilizada como condimento, aromatizante e como planta medicinal tendo várias aplicações graças a substâncias concentradas contidas no seu poderoso óleo essencial.
- COMPOSIÇÃO QUÍMICA
A extração do óleo pode ser feito a partir das cascas como também das folhas. O óleo essencial da casca é de cor amarelo dourado, sendo o mais nobre e apresenta um doce/picante que é o seu sabor característico e por possuir Aldeído cinâmico, principal componente extraído da casca. O cinamaldeído ou aldeído cinâmico, tem fórmula molecular C9H8O, e trata-se de um componente pouco solúvel em água que foi isolado pela primeira vez por Eugéne Péligot e Jean-Baptiste Dumas, famoso químico francês a quem se deve também a descoberta das aminas e do antraceno. Além de ter sido um dos mentores de Pasteur. Já o óleo das folhas, é utilizado em mercados menos exigentes, e o seu componente principal é o eugenol que é um composto aromático bastante utilizado nas indústrias de perfumaria. A composição química da canela apresenta também pelo menos mais três quimiotipos que são: benzoato de metila, linalol e a cânfora.
- PRINCIPAIS AÇÕES FARMACOLÓGICAS
Ação anticoagulante - O cinamaldeído é o principal ativo do óleo essencial e tem sido amplamente estudado pelos seus efeitos sobre as plaquetas do sangue. As plaquetas são componentes do sangue que se destinam a aglomerar-se em situação de emergência, como uma forma de parar o sangramento, mas em circunstâncias normais, no caso de aglomerarem demasiado, podem provocar um fluxo sanguíneo insuficiente. E este ativo previne a aglutinação excessiva das plaquetas, através da inibição da libertação de um ácido graxo inflamatório, denominado ácido araquidônico, das membranas das plaquetas e através da redução da formação de uma molécula inflamatória mensageira, o tromboxano A2.
A capacidade da canela para reduzir a libertação de ácido araquidônico das membranas celulares também a coloca na categoria dos alimentos anti-inflamatóriosque podem ajudar na redução da inflamação.
Ação nos níveis de açúcar sérico - Estudos mostram que os compostos da canela não só estimulam os receptores da insulina, mas também inibem uma enzima que os desativa, aumentando assim significativamente a capacidade de as células utilizarem a glicose. Temperar com canela um alimento que tenha um teor elevado de hidratos de carbono pode ajudar a diminuir o seu impacto sobre os níveis de açúcar no sangue. Podendo ajudar de forma significativa pessoas com diabetes do tipo 2 a melhorar a sua capacidade de respostas à insulina, normalizando assim os seus níveis de açúcar. O extrato da canela melhora a função dos receptores da insulina, através do receptor insulinoquinase e uma inibição do receptor insulinofosfatase levando ao aumento do reconhecimento da insulina pelo receptor.
Ação antimicrobiana - A canela tem sido estudada pela capacidade de ajudar a impedir o crescimento de bactérias e fungos, incluindo a problemática levedura Candida. Em testes de labotatório, os extratos de canela suspenderam muitas vezes o desenvolvimento de leveduras resistentes ao uso de fluconazol um medicamento antifúngico frequentemente usado. As propriedades antimicrobianas da canela são tão eficazes que pesquisas recentes demonstraram que esta especiaria pode ser utilizada como uma alternativa aos conservantes de alimentos tradicionais.
- USO POPULAR
O pó da casca é condimento. O chá das cascas ou da folha é estimulante digestivo, carminativo, anti-espasmódico e anti-reumático. Também bastante utilizada na culinária, sendo comum nos doces, tortas ou mesmo em pães doces.
Referências Bibliográficas:
NEGRI, Giuseppina. Diabetes melito: plantas e princípios ativos naturais hipoglicemiantes. Rev. Bras. Cienc. Farm. vol.41 no.2 São Paulo Apr./June 2005.
LIMA, Maria da Paz. Constituintes voláteis das folhas e dos galhos de Cinnamomum zeylanicum Blume (Lauraceae). Manaus, AM, Brasil 2005.
Uso da canela. Disponível em: http://www.revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1702239-4529,00.html. Acesso em: 21 out.2012.
Faltou explicar como diferencia-la da Cassia (planta irmã,mas com algumas diferenças)
ResponderExcluir