No dia-a-dia, escuto constantemente pessoas reclamarem que o governo não deveria dar dinheiro e nem custear muitas atividades que vemos, tais como bolsa família e a distribuição gratuita de medicamentos entre outras ações que dariam um texto muito longo para este blog.
Como Farmacêutico, vou explorar um pouco a questão da distribuição gratuita de medicamento, pois na edição do Jornal do Comércio deste sábado (14/03/12, pós sexta-feira 13, rs), durante a leitura do jornal enquanto os alunos do 6º período de Farmácia faziam prova de Farmacotécnica, li um trecho que falava de um novo medicamento que entrou na lista de medicamentos gratuitos do SUS, uma dose única deste medicamento custa R$ 3.500,00. Você acha justo o governo pagar por um medicamento tão caro para uma única pessoa? E a coletividade que poderia aproveitar muito mais com a redistribuição deste dinheiro? Pois bem, o medicamento é o Alteplase, único medicamento aprovado no Brasil para tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico (representa 85% dos casos de derrame). Este medicamento, aplicado por via endovenosa, percorre a circulação até chegar ao vaso sanguíneo cerebral que estiver obstruído por coágulo, desfazendo-o e desentupindo a circulação, normalizando o fluxo sanguíneo do cérebro (diminui cerca de 31% o risco de seqüelas do AVC).
Voltando a primeira questão: vale a pena pagar R$ 3.500,00 por uma única dose e para um único paciente? A resposta é sim, de acordo com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Avaliação de Tecnologias em Saúde (nome grande, hein?), ao custear o medicamento ocorrerá uma economia de R$ 1 mil por paciente, pois serão evitadas as despesas com tratamento de seqüelas (considerando apenas as mais simples) e os gastos com previdência social, que certamente torna muito mais vantajoso pagar pelo medicamento.
O que fica muito claro é que para cada medicamento incluído na lista dos gratuitos, há estudos que avaliam o custo-benefício e pode ter certeza, a matemática será benéfica para os cofres públicos, com raríssimas exceções.
Para quem quiser observar (de forma muito didática) como ocorre o processo fisiológico/patológico do AVC isquêmico, encontrei um vídeo muito bom, a seguir:
Para quem quiser observar (de forma muito didática) como ocorre o processo fisiológico do AVC isquêmico, encontrei um vídeo muito bom, a seguir:
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