O Brasil é apresentado como exemplo de como o “uso célere e eficaz” da licença compulsória, ou quebra de patente, pode ser útil para negociar preços mais baixos de medicamentos com a indústria farmacêutica em um amplo estudo de três organizações internacionais, a Organização Mundial do Comércio (OMC), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI). O documento mostra a interação entre saúde, propriedade intelectual e comércio e o acesso a remédios.
O documento exemplifica com o caso do Brasil, que quebrou a patente do produto Efavirenz, para tratamento da aids. Dois meses depois, recebeu o primeiro carregamento de genérico procedente da Índia. A dose do produto original custava US$ 15,90, e a do genérico importado, US$ 0,43. Segundo o estudo, o Brasil poupou cerca de US$ 1,2 bilhão com a compra desse genérico. Mas ele nota que somente a ameaça de quebrar patente já fez o governo brasileiro induzir a baixa de preços de remédios. Para fazer licença compulsória, um país precisa seguir uma série de regras.
As entidades notam que o uso da licença compulsória na saúde não é limitado a países em desenvolvimento. Nos desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos, a quebra de patente é garantida, por exemplo, para combater práticas anticompetitivas que tiveram impacto no aceso e inovação no campo da tecnologia médica.
O Brasil é um dos maiores importadores de insumos para laboratórios e hospitais. O déficit na balança comercial é de vários bilhões de dólares. Enquanto isso, China e Índia tornam-se cada vez mais exportadores.
O levantamento da OMC, OMS e OMPI surge num cenário em que os governos adotam diferentes meios para baixar os custos da saúde, incluindo controle ou preço de referência dos remédios, limitação dos reembolsos etc. Os genéricos são considerado um fator chave na derrubada dos preços. Ainda assim, o estudo nota que esses remédios mais baratos continuam a ser inacessíveis para ampla parte da população de países pobres.
Uma pesquisa mostra que na média a disponibilidade de medicamentos essenciais no setor público em 46 países de baixa e média renda é de apenas 42%. No setor privado, 72%.
A indústria farmacêutica se apoia fortemente nos direitos exclusivos de patente para recuperar os investimentos milionários feitos em pesquisa e desenvolvimento de remédios. Mas também estão surgindo novos modelos para acesso a remédios essenciais, como a parceria público-privada, que resulta em acordos “criativos” de licença de patentes.
Mais atenção vem sendo dada também a incentivos para a produção de vacinas ou equipamentos médicos. Brasil, China e Índia estão entre os que poderão produzir novas vacinas no futuro.
Sem surpresa, o estudo defende que os governos reduzam significativamente as tarifas de importação sobre os remédios. Ao mesmo tempo mostra que o impacto de provisões sobre setor farmacêutico em alguns acordos de livre comércio resultam em alta de preços para os consumidores.
“Acesso a medicamentos exige a mistura correta de políticas de saúde, direitos de propriedade intelectual e políticas comerciais”, diz Pascal Lamy, da OMC.
FONTE: sbacbahia
Agora é a vez da Índia
Decisão da Suprema Corte Indiana favorece fabricantes de medicamentos genéricos
A Suprema Corte do pais sul-asiático: Índia negou nesta segunda-feira o pedido da indústria farmacêutica multinacional suíça Novartis para ter direito à patente do medicamento anticancerígeno mesilato de imatinib, comercializado com o nome Glivec. Esta decisão favorece os fabricantes indianos de genéricos, cujas versões do remédio custam menos de 10% da original vendida pelo laboratório suíço.
O tribunal indiano não aceitou o pedido de patente da Novartis ao considerar que o medicamento é uma leve modificação de um produto anterior, embora com propriedades que não mudaram,segundo o advogado Anand Grover, que integra a equipe de defesa da Associação de Ajuda aos Pacientes com Câncer. Assim, a Novartis não tem direito à patente da droga, por não ser um medicamento novo.
O advogado elogiou o tribunal, ressaltando que a sentença "dá razão aos direitos dos pobres da Índia" e também beneficia os pacientes do mundo em desenvolvimento, pois o fármaco da Novartis custa 2.600 dólares por paciente ao mês, enquanto as versões genéricas possuem custo mensal de até 175 dólares.
Para as grandes companhias farmacêuticas, no entanto, a sentença da corte indiana pode desestimular os investimentos em pesquisa e inovação nos principais laboratórios do setor. Além de não ter a exclusividade na comercialização do medicamento, a Novartis terá que arcar com os custos do processo, embora a companhia suíça tenha 90 dias para apelar da decisão.
Batalha – A disputa judicial entre a Novartis e os fabricantes de genéricos da Índia começou há sete anos, quando a companhia farmacêutica ingressou com um pedido de patente para uma nova versão do Glivec. O governo indiano negou a solicitação, baseado em uma lei que impede a aquisição de patentes a partir de pequenas mudanças em medicamentos já existentes.
Desde então, a Novartis buscava contestar a medida na Justiça. Pelas leis internacionais, companhias com direito à patente têm 20 anos de exclusividade na comercialização do produto. Após esse prazo, a empresa que primeiro quebra a patente pode vender o medicamento por 180 dias. Decorrido esse período, a produção fica liberada a outros fabricantes.
O mercado de genéricos da Índia é um dos maiores do mundo e seus laboratórios foram pioneiros na quebra de patentes de medicamentos, política que inclusive serviu de modelo para o Brasil nos anos 1990.
(FONTE: Veja)
Assista o vídeo com mais detalhes: http://www.youtube.com/watch?v=c6ZNd1vubQ0
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